domingo, 22 de abril de 2012

SUGESTÃO DE FILME : GABY UMA HISTORIA VERDADEIRA



O filme Gaby – uma história verdadeira (1987) é o filme de estréia do diretor Luiz Mandocki, que trabalhou com a própria Gabriela Brimmer no desenvolvimento do roteiro. Rachel Levin é a protagonista que desenvolve a personagem-título e é considerada uma revelação. Gaby, como era chamada, era filha de europeus refugiados no México que quando pequena, seus pais a levavam incessantemente a diversos médicos, mas fatigados de respostas negativas decidiram aceitá-la como ela era, reconheceram que ela tinha um problema e optaram seguir normalmente. Ela possuía um distúrbio neurológico que a impedia controlar seu corpo, não conseguia falar e apenas movimentava seu pé esquerdo.
Quando Gaby cresceu, seu pai a ensinou que existem dois tipos de barreiras, a barreira real e a barreira imposta por nossos próprios medos. A grande dificuldade era destingi-las, pois todas as pessoas têm limitações, mas enfatizou que as das pessoas “normais” eram mais “perigosas” porque não eram visíveis. Gaby tinha o apoio de seus pais e de uma empregada/amiga que a ajudava a superar as barreiras impostas pela deficiência, também contava com o apoio de uma máquina de escrever e uma prancha de comunicação, um simples pedaço de madeira que continha o alfabeto pintado.
Ao freqüentar escolas para pessoas com necessidades especiais, Gaby conheceu um amigo/namorado, Fernando, que como ela também era portador de necessidades especiais, porém ele não contava com o mesmo apoio familiar que Gaby. Ambos se envolvem sexualmente permitindo, assim, mostrar que as questões que afetam a sexualidade das pessoas com deficiência são as mesmas que fazem parte da vida de qualquer pessoa.
Tomando como exemplo Beethoven, que compôs músicas após tornar-se surdo, Gaby submete-se a um teste na escola regular e deixa a escola especial, mas a mãe de Fernando não o estimulou e não permitiu que ele tivesse as mesmas condições de crescer e ir a frente, assim não permitiu a troca de escola. No início Fernando resiste, mas ele enfraquece e acaba cedendo à vontade da mãe. O filme não mais relata sobre Fernando, exceto que ele continuou sua vida limitada pelo medo e pela falta de apoio e não pela doença.
Gaby conseguiu ingressar na Universidade, mostrando que aprendeu a lição deixada pelo seu pai: saber a diferença entre nossos limites reais e nossos medos. Na universidade envolve-se com um homem dito “normal”, que a auxilia neste universo preconceituoso e repleto de limitações. Gaby sente a necessidade de ter um emprego e incentivada por ele, vai a uma entrevista. Devido aos preconceitos engendrados na sociedade, Gaby só consegue ingressar neste mundo após uma longa prova, surpreendendo a todos, alcança o posto de editora chefe do departamento. Quanto ao seu relacionamento amoroso, não obteve sucesso, não por preconceitos, e sim por problemas normais enfrentados por qualquer casal.
Sem dúvida, quando a questão é discutir a inclusão de pessoas com necessidade especial, Gaby – uma história verdadeira é um clássico do cinema internacional. Ao abordar questões relacionadas à família, escola (especial, regular e universidade) e sexualidade, nos expõem atitudes, muitas vezes, inadequadas de negação e repressão do portador de deficiência refletindo preconceitos que envolvem todos os outros indivíduos em função de valores morais, religiosos e culturais.
Em particular, chamamos atenção à maneira como a sexualidade é ilustrada no filme. A questão da sexualidade é complicada para a humanidade em geral, onde muitas vezes não sabemos lhe dar com a nossa própria sexualidade. Isto ocorre por uma questão cultural, da nossa formação, de valores religiosos, e sua relação com o sexo profano. A sociedade pensa o deficiente como ser assexuado, e este não poderia ser profanado. Mas o filme mostra-nos uma mulher que sente desejos e não vê empecilhos para realizá-los. É, certamente, uma maneira nova de tratarmos de um assunto tido muitas vezes como constrangedor ou completamente fora da realidade do deficiente, ou ainda, visto como menos importante por muitos. A idéia transmitida é que a dificuldade de encontrar um companheiro não está ligada a uma deficiência, mas sim a problemas com a personalidade e a auto-imagem.
Dentro desta perspectiva, analisamos que é possível romper com os conceitos preestabelecidos. Cabe à mídia ser agente nesse momento de transformação exercendo seu papel de formador de opinião. É preciso que os espaços na mídia sejam mais bem explorados e que os novos paradigmas sejam trabalhados pelos meios de comunicação, dando espaço a filmes entre outros meios que retratam com maior fidelidade o portador de deficiência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário