terça-feira, 5 de junho de 2012

EMOÇÕES




Finalmente as pessoas estão despertando para o fato de que a inteligência abrange muito mais que o racional. E que as emoções representam um aspecto importantíssimo do potencial humano.
Apesar de sua incontestável presença, nossas emoções sempre foram vistas como algo perigoso, que precisa ser reprimido para não atrapalhar a forma lógica de pensar. O ideal desejado pela sociedade, até há bem pouco tempo, eram pessoas frias, absolutamente racionais.
Freud foi o primeiro a afirmar que a consciência era muito mais abrangente do que se imaginava e o que as pessoas mostravam era apenas a ponta do iceberg. Grande parte do nosso ser está mergulhado nas profundezas do inconsciente.
Reich demonstrou que a repressão da energia sexual era uma forma de controle social. Repressão que, no corpo, se constitui em couraças musculares que impedem seu contato prazeroso e restringe o prazer de viver.


A criatividade, a empatia, a sensibilidade, a plenitude de viver estão associados à recuperação da capacidade de sentir e expressar as emoções. Essa habilidade social exige um aprendizado. Aprender, em primeiro lugar, a conhecer-se e, a partir daí, compreender o outro.
Podemos usar a palavra empatia, compaixão. E os sentimentos são portas para o auto-conhecimento. Representam uma expansão da própria consciência.
Pasmem, mas muito do que sentimos foi aprendido. Quem sustenta essa afirmação é Fanita English, renomada autora americana. As emoções autênticas são a alegria, o afeto, o medo, a tristeza e a raiva. Fazem parte de nosso ser biológico e são universais. Todas as outras emoções são consideradas disfarces, ou seja, emoções que substituem uma emoção autêntica. Foram aprendidas na infância, principalmente no nosso ambiente familiar.
“A TRISTEZA TEM SEUS SIGNIFICADOS. A RAIVA E A AGRESSIVIDADE DOTA-NOS DE ENERGIA PARA LUTARMOS.”

Por exemplo, nem todo sorriso significa que a pessoa está feliz. Pode estar mascarando uma tristeza que a pessoa não se permite sentir. Assim, a irritação, os ciúmes, o desespero, a timidez, a ansiedade, a depressão, a insegurança são considerados disfarces. Ou seja, estão substituindo uma emoção autêntica. O trabalho terapêutico consiste em identificar qual emoção está oculta, para que se possa senti-la e expressá-la. De qualquer forma, a consciência de nossas emoções facilita a identificação dos disfarces, o que nos possibilita evitar sua repetição vida afora.

As emoções autênticas possuem determinadas funções. Nossas vidas são uma verdadeira ciranda de emoções por mais que tentemos ignorá-las.
Então, vejamos o que acontece:
Quando sentimos medo, procuramos nos proteger contra alguma ameaça.
A tristeza tem seus significados e até sua beleza própria. Quando mergulhamos nela, descobrimos sua profundidade, elaboramos nossas perdas e podemos acrescentar novas dimensões a nossa vida.
A raiva, a agressividade, dota-nos de energia para lutarmos na vida. É o nosso lado guerreiro que suplanta dificuldades e situações que parecem muitas vezes intransponíveis.
O afeto e o amor são o encontro, o compartilhar. O amor é trasbordamento. Mas isso só pode acontecer a partir do amor a si mesmo, da auto-estima, do próprio desabrochar.
O riso é o primeiro sinal de reconhecimento do outro e a alegria, a celebração da própria vida. Até mesmo a ciência médica diz que a risada é um dos melhores remédios dentre os que a natureza forneceu aos homens.

ESCALA DE APRENDIZADO EMOCIONAL:
Alfabetização emocional é a capacidade de compreender e saber lidar com as emoções. Somos analfabetos emocionais. Aprendemos a ler e a escrever, mas nos perdemos no que diz respeito às nossas emoções. Quantos problemas de relacionamento poderiam ser evitados se soubéssemos lidar com as emoções? Discussões inúteis entre pais e filhos, falta de comunicação ou má comunicação no ambiente de trabalho, relacionamentos insatisfatórios, etc.
Claude Steiner, em seu livro “Quando um homem ama uma mulher”, propõe uma escala de aprendizado emocional que vai, desde a ignorância de nossos sentimentos, até a comunicação adequada do que sentimos.

Torpor é a incapacidade de sentir quaisquer manifestações que podemos classificar como sentimentos, mesmo que estes sejam facilmente detectáveis por outros, a partir de expressões faciais e atitudes. As emoções estão congeladas e inacessíveis à consciência.
Sensações físicas: Neste estágio, a pessoas identifica a sensação física, mas não reconhece a emoção correspondente. Por exemplo, o coração disparado, um aperto no peito, um nó na garganta.
Na experiência caótica, as emoções são conscientes, mas vivenciadas como uma agitação interna. A pessoa está suscetível às emoções, mas ainda não é capaz de controlá-las.
Ao alcançar a linha da linguística, as emoções encontram-se associadas a seus nomes, de maneira que já conseguimos falar sobre o que estamos sentindo.
Diferenciação significa saber reconhecer as diferentes emoções, suas causas e suas intensidades, podendo-se falar sobre elas.
A empatia ocorre num nível de percepção em que é possível perceber ou intuir o que os outros estão sentindo.
A intuição é o topo da escala de aprendizado. É a sofisticação emocional que se obtém quando se percebe a “dança” das emoções. Tem-se, então, a possibilidade de escolher que caminho trilhar em cada interação, em função das emoções que serão desencadeadas em si próprio e no outro.
O importante é a pessoa localizar em que ponto está seu aprendizado e perceber o que precisa desenvolver em relação as suas emoções. Muitas vezes, é preciso procurar algum tipo de ajuda como a psicoterapia ou grupos de desenvolvimento pessoal que venham facilitar a capacidade de sentir e expressar as emoções.

A LIBERDADE DE SENTIR
No estágio em que a pessoa não se sente livre para sentir, ela fica vulnerável a doenças psicossomáticas. Só que o fato de negar o que sente não resolve, pois a energia emocional continua procurando uma forma de ser liberada. Se, por exemplo, formos proibidos de expressar a raiva, poderemos acumular mágoas, ressentimentos ou desenvolver sintomas físicos.
Sentir, porém, não poder expressar, contém um grau um pouco maior de liberdade. A pessoa tem permissão para sentir, mas não para deixar claro este sentimento. Ou então, ela se permite sentir, falar, mas não, agir em função do que sente. Seu sentimento fica dissociado da conduta, muitas vezes por não ter aprendido a tomar decisões baseadas em suas emoções.
Agir no impulso da emoção, sem controle, é típico de quem coleciona determinadas emoções. Pode-se trocá-las por explosões, brigas, vingança ou mesmo homicídio e suicídio. A ação no impulso, embora caracterize uma liberdade maior, não é isenta de problemas. Se tem raiva, explode, não importando onde ou com quem. Se tem medo, paralisa-se ou foge, agindo impulsivamente.
Sentir, verbalizar e agir quando conveniente, respeitando a si e ao outro, é o próximo passo em direção à liberdade emocional. E acontece quando, ao sentir e poder verbalizar, a pessoa resolve se é conveniente, ou não, manifestar a emoção e qual a melhor forma de fazê-lo.

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