sábado, 9 de junho de 2012

CARTA DE ISABEL FILLARDIS PARA OS FILHOS.



“Você, Analuz, nasceu em um parto normal, que poderia chamar de tranqüilo. Quando você estava com um ano e meio, mamando no meu seio ainda, nossa casa ficou pronta. Fiz loucuras. Carreguei caixas, lavei chão. Não sentia nada. Depois de um tempo, vieram os enjôos, a falta de apetite. Quando fui ver, estava grávida do seu irmão, Jamal.
Você, meu filho, nasceu em uma cesárea aflita. O cordão umbilical se enrolou no seu pescoço – e depois, para a nossa preocupação, na sua cintura. Passado o susto, estava tudo bem. Mas comecei a achar que havia algo estranho na amamentação. Você tinha dificuldade de sugar o leite. Me sentia péssima. Eu não desisti e lhe dei meu leite com colherzinha até os seis meses. Você se submeteu a um encefalograma e os médicos constataram a síndrome de West (uma doença que deteriora os neurônios e causa atraso no desenvolvimento psicomotor), quando tinha cinco meses. Até os dois anos, eu e seu pai Júlio César precisamos levá-lo ao hospital várias vezes. A síndrome deixa seqüelas respiratórias e qualquer resfriado podia se converter em uma bronquiolite. Eu sofria, mas não me revoltei. Sempre mantive a fé de que você ia vencer. E venceu. Em agosto, um novo encefalograma revelou que você venceu a síndrome de West. Mas só teremos certeza da vitória plena quanto você atingir sete anos, idade considerada crucial para o crescimento da criança. Jamais deixo de estar vigilante. Nossa rotina semanal inclui quatro sessões de fisioterapia, duas de fonoaudiologia, uma aula de equoterapia (com cavalos), e logo você fará psicoterapia e terapia ocupacional.
 Filho, você me ensinou muito sobre superação. Crianças especiais são como borboletas. Têm o tempo certo de florescer, pôr as asas e sair do casulo. Gostaria que todas as mães do mundo vibrassem a cada movimento dos filhos. Uma das conquistas que mais me emocionaram foi o seu sorriso. Você tinha um ano de idade quando o vi abrir um enorme pela primeira vez. Estava ajoelhada na sala contando uma história para sua avó, que o ninava. De repente, eu me joguei no chão. Perplexa, notei que você estava gargalhando. Ajoelhei, me atirei de novo e você voltou a soltar um sorrisão. Eu ria e chorava. Vê-lo feliz me fez sentir muito poderosa. E tenho me sentido cada vez mais assim, com munição e fé para lutar ao lado de vocês."



A Força do Bem nasce da cumplicidade solidária da atriz Isabel Fillardis para com todas as mães que, como ela, vivem a dura realidade de cuidar de um filho especial. Seu filho, Jamal, nasceu com uma síndrome rara que transformou completamente a vida da atriz. A consciência de ter sido privilegiada por ter condições e não medir esforços para a cura de Jamal despertou em Isabel o desejo de ajudar as mães que não têm as condições necessárias mínimas para cuidar de seus filhos.

A ONG tem como objetivo realizar o primeiro senso de mapeamento quantitativo das pessoas com deficiência no Brasil, bem como a classificação por tipo de deficiência, gênero, faixa etária e região, identificando ainda o atendimento recebido se houver, visando auxiliar aquelas que não estejam sendo assistidas.


3 comentários:

  1. Olá boa noite, sou fã da Isabel por entender seu esforço e trabalho e compartilhar cada conquista de uma criancas especial. Sou Mae da Valentina ,uma Crianca com paralisia cerebral proveniente de umanma formação cerebral ( holoprosencefalia).
    Acredito estar batalhando e fazendo tudo que posso pela minha filha, hoje ela tem 2 anos, desde os 6 meses, tento uma consulta om a Dra Lúcia Braga mas nunca consegui , conheço o trabalho maravilhoso dela e muito surpresa esta semana vi na Fátima Bernardes quero Jamal consulta com ela. Parece um milagre, gostaria de pedir encarecidamente que se pudessem me ajudar de alguma maneira a conseguir uma consulta com ela, quero que minha filha tenha uma chance dever examinada por ela , para que eu tenha o melhor direcionamento para o seu tratamento. POR FAVOR me ajudem de alguma maneira.

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    1. oi...boa tarde querida Paula Marques...também sou mãe de um garoto com paralisia cerebral...diagnostico desconhecido...fico muito contente por você também estar na luta para melhorar a qualidade de vida de sua filha..vou procurar saber como conseguir de maneira mais fácil essa consulta que tanto almeja...me passe seu email...para mantermos contato...abços...bjus p Valentina

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  2. Oi , sou professora da Educação Infantil e este ano recebi o aluno Gabriel diagnosticado com a Síndrome de West, gostaria de saber mais como posso contribuir para o seu desenvolvimento. Gabriel é uma lição de vida ,com 2 anos ,ele tem um olhar distante,as vezes sorrir,ensaia uns passinhos, quando fica feliz percebo que movimenta as pernas, quando ouve músicas bate palminhas...Quero muito poder ver o seu avanço.O que posso fazer?
    Abraços Francine

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